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Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fenart: teorias da etnicidade e grupos étnicos



Teorias da etnicidade: uma introdução ao livro de Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fénart




A etnicidade é um tema cada vez mais relevante para compreender as complexidades da sociedade contemporânea, marcada pela diversidade cultural, pela mobilidade humana e pelos conflitos sociais. Mas o que significa exatamente a etnicidade? Como ela se manifesta nas relações entre grupos humanos? Quais são as principais teorias que tentam explicar esse fenômeno nas ciências sociais?




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Neste artigo, vamos apresentar o livro Teorias da etnicidade, escrito pelos pesquisadores franceses Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fénart, publicado em 1997 pela editora UNESP. Esse livro é uma obra de referência para quem quer se aprofundar no estudo da etnicidade, pois oferece uma síntese crítica das principais abordagens teóricas sobre o assunto, desde o século XIX até os dias atuais. Além disso, o livro inclui um texto clássico do antropólogo norueguês Fredrik Barth, intitulado Grupos étnicos e suas fronteiras, que apresenta uma perspectiva inovadora para analisar as relações interétnicas.


Quem são os autores e qual é o objetivo do livro?




Philippe Poutignat: um antropólogo francês especializado em etnicidade e migração




Philippe Poutignat (1950-2019) foi um antropólogo francês que se dedicou ao estudo da etnicidade, da migração e das relações interculturais. Ele foi pesquisador do CNRS (Centro Nacional de Pesquisa Científica) e professor da Universidade de Nice, na França. Ele foi autor de vários livros e artigos sobre a etnicidade, como Figures de l'étranger autour de la Méditerranée (1995), Repenser l'ethnicité: théorie et pratiques (2008) e L'ethnicité dans tous ses états (2018). Ele também foi coeditor da revista Migrations Société, uma publicação especializada em temas migratórios e interculturais.


Jocelyne Streiff-Fénart: uma socióloga francesa que estuda as dinâmicas étnicas e sociais na África




Jocelyne Streiff-Fénart (1954-2019) foi uma socióloga francesa que se interessou pelas dinâmicas étnicas e sociais na África, especialmente no Senegal e na Mauritânia. Ela foi pesquisadora do CNRS e diretora do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), uma instituição que promove a cooperação científica entre a França e os países em desenvolvimento. Ela foi autora de vários livros e artigos sobre a África, como Les migrations internationales: sociologie des mobilités géographiques (1999), Sociétés urbaines et dynamiques ethniques: le cas du Sénégal (2002) e La fabrique des identités: l'encadrement politique des minorités ethniques en Mauritanie (2010). Ela também foi coeditora da revista Afrique contemporaine, uma publicação que aborda as questões políticas, econômicas e sociais do continente africano.


O livro: uma síntese crítica das principais teorias da etnicidade nas ciências sociais




O livro Teorias da etnicidade, publicado originalmente em francês com o título Théories de l'ethnicité, é o resultado de um trabalho conjunto entre Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fénart, que se conheceram durante um projeto de pesquisa sobre a etnicidade na África. O objetivo do livro é oferecer uma introdução às principais teorias da etnicidade nas ciências sociais, desde as origens do conceito até as abordagens mais recentes. O livro se divide em três partes:


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  • A primeira parte apresenta o contexto histórico e epistemológico do surgimento da etnicidade como um conceito novo e um fenômeno antigo, bem como as diferentes definições e concepções da etnicidade nas ciências sociais.



  • A segunda parte faz uma revisão crítica das principais teorias da etnicidade, desde as abordagens que tentam objetivar ou relativizar o fenômeno étnico pela antropologia cultural, até as perspectivas que enfatizam o caráter situacional, instrumental ou construído da etnicidade pela sociologia e pela ciência política.



  • A terceira parte propõe uma aplicação das teorias da etnicidade para analisar casos concretos de diversidade e conflito étnico no mundo, com base na contribuição de Fredrik Barth para o estudo das fronteiras étnicas, e nos desafios da modernidade, da globalização, da migração e do multiculturalismo para a convivência entre grupos étnicos.



O livro é uma obra de referência para quem quer se aprofundar no estudo da etnicidade, pois oferece uma síntese crítica das principais abordagens teóricas sobre o assunto, desde o século XIX até os dias atuais. Além disso, o livro inclui um texto clássico do antropólogo norueguês Fredrik Barth, intitulado Grupos étnicos e suas fronteiras, que apresenta uma perspectiva inovadora para analisar as relações interétnicas.


O que é a etnicidade e por que ela é importante para entender a sociedade contemporânea?




A etnicidade como um conceito novo e um fenômeno antigo




A etnicidade é um conceito relativamente novo nas ciências sociais, que surgiu no século XX, mas que se refere a um fenômeno antigo, que existe desde as origens da humanidade. A etnicidade pode ser definida como a consciência de pertencer a um grupo humano que se distingue dos outros por características culturais, históricas, linguísticas, religiosas ou físicas. A etnicidade é uma forma de identificação coletiva, que se baseia na ideia de uma origem comum, de uma memória compartilhada e de um destino coletivo. A etnicidade é também uma forma de diferenciação social, que se expressa na delimitação de fronteiras simbólicas ou materiais entre os grupos étnicos.


A etnicidade como um paradigma das ciências sociais




A etnicidade é um conceito que se tornou central nas ciências sociais, especialmente na antropologia, na sociologia e na ciência política, pois permite analisar as dinâmicas sociais e culturais que caracterizam a sociedade contemporânea. A etnicidade é um paradigma das ciências sociais, pois oferece uma perspectiva teórica e metodológica para compreender os processos de construção, de transformação e de mobilização das identidades coletivas. A etnicidade é também um objeto de estudo das ciências sociais, pois envolve fenômenos empíricos que podem ser observados, descritos e explicados em diferentes contextos históricos e geográficos.


A etnicidade como um fator de identidade, diferenciação e mobilização social




A etnicidade é um fator importante para entender a sociedade contemporânea, pois ela influencia as formas como os indivíduos e os grupos se identificam, se diferenciam e se mobilizam socialmente. A etnicidade é um fator de identidade, pois ela contribui para a formação do sentimento de pertença, de autoestima e de reconhecimento dos grupos étnicos. A etnicidade é um fator de diferenciação, pois ela gera distinções e hierarquias entre os grupos étnicos, que podem resultar em cooperação ou em conflito. A etnicidade é um fator de mobilização social, pois ela pode ser usada como um recurso político, econômico ou cultural pelos grupos étnicos, que podem reivindicar direitos, interesses ou valores específicos.


Como as teorias da etnicidade se desenvolveram ao longo do tempo e quais são as suas principais abordagens?




Raça, etnia, nação: os debates do século XIX e as confusões conceituais




As teorias da etnicidade se desenvolveram ao longo do tempo em resposta aos desafios colocados pela diversidade e pelo conflito entre os grupos humanos. No século XIX, o conceito de etnicidade ainda não existia como tal, mas havia outros conceitos relacionados, como raça, etnia e nação. Esses conceitos eram usados de forma ambígua e confusa pelos pensadores da época, que tentavam explicar as origens, as características e as relações entre os povos do mundo. Alguns desses pensadores adotavam uma visão essencialista e determinista da raça, da etnia e da nação, considerando-as como entidades naturais e imutáveis, que determinavam o comportamento e o destino dos indivíduos e dos grupos. Outros desses pensadores adotavam uma visão histórica e cultural da raça, da etnia e da nação, considerando-as como construções sociais e políticas, que variavam conforme o tempo e o espaço.


O que é um grupo étnico? As tentativas de objetivação e de relativização do fenômeno étnico pela antropologia cultural




No início do século XX, o conceito de etnicidade começou a ganhar espaço nas ciências sociais, sobretudo pela antropologia cultural, que se propôs a estudar os grupos étnicos como unidades de análise. Os antropólogos culturais tentaram definir o que é um grupo étnico, quais são os seus critérios de identificação e classificação, e como eles se organizam e se relacionam com outros grupos. Algumas das definições mais conhecidas são as de Max Weber, que definiu o grupo étnico como uma comunidade humana que compartilha uma crença subjetiva em uma origem comum, e de Edward Shils, que definiu o grupo étnico como uma comunidade humana que possui uma cultura distintiva e uma consciência de si mesma. No entanto, essas definições também foram criticadas por serem muito objetivas e estáticas, ignorando a diversidade e a dinâmica interna dos grupos étnicos, bem como as suas interações e negociações com outros grupos.


A etnicidade, definições e conceitos: as perspectivas primordialista, sociobiológica, instrumentalista, situacionista e construtivista




A partir da segunda metade do século XX, o conceito de etnicidade se tornou mais complexo e diversificado nas ciências sociais, refletindo os diferentes enfoques teóricos e metodológicos sobre o fenômeno étnico. Algumas das principais perspectivas são as seguintes:



  • A perspectiva primordialista, que considera a etnicidade como um sentimento natural e profundo de pertença a um grupo, baseado em laços de sangue, de parentesco, de língua ou de religião. Essa perspectiva enfatiza a continuidade e a persistência dos grupos étnicos ao longo da história.



  • A perspectiva sociobiológica, que considera a etnicidade como um resultado da evolução biológica e da seleção natural dos grupos humanos. Essa perspectiva enfatiza a influência dos fatores genéticos e ambientais na formação e na adaptação dos grupos étnicos.



  • A perspectiva instrumentalista, que considera a etnicidade como um recurso estratégico e racional usado pelos indivíduos e pelos grupos para alcançar objetivos políticos, econômicos ou sociais. Essa perspectiva enfatiza a manipulação e a mudança dos grupos étnicos conforme os interesses e as oportunidades.



  • A perspectiva situacionista, que considera a etnicidade como uma identificação contingente e variável dos indivíduos e dos grupos em função do contexto social e histórico. Essa perspectiva enfatiza a flexibilidade e a escolha dos grupos étnicos conforme as situações e as relações.



  • A perspectiva construtivista, que considera a etnicidade como uma construção social e cultural dos indivíduos e dos grupos, baseada em processos de comunicação, de representação e de negociação. Essa perspectiva enfatiza a criatividade e a diversidade dos grupos étnicos conforme as práticas e os discursos.



Essas perspectivas não são necessariamente excludentes ou opostas, mas podem se complementar ou se combinar para oferecer uma visão mais ampla e matizada da etnicidade.


Como aplicar as teorias da etnicidade para analisar casos concretos de diversidade e conflito étnico no mundo?




Grupos étnicos e suas fronteiras: a contribuição de Fredrik Barth para o estudo das relações interétnicas




Uma das contribuições mais importantes para o estudo da etnicidade foi feita pelo antropólogo norueguês Fredrik Barth (1928-2016), que publicou em 1969 um livro intitulado Grupos étnicos e suas fronteiras, que é incluído na terceira parte do livro de Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fénart. Nesse livro, Barth propõe uma abordagem inovadora para analisar as relações interétnicas, baseada na noção de fronteira étnica. A fronteira étnica é o limite que separa e define os grupos étnicos, que pode ser físico, simbólico ou social. A fronteira étnica é o resultado de um processo de interação e de diferenciação entre os grupos, que envolve a atribuição e a negociação de identidades. A fronteira étnica é também o espaço de comunicação e de troca entre os grupos, que pode gerar conflito ou cooperação. A fronteira étnica é, portanto, um fenômeno dinâmico e relacional, que depende do contexto e da situação.


A abordagem de Barth se diferencia das abordagens tradicionais da etnicidade, que se concentram nas características internas e estáticas dos grupos étnicos, como a cultura, a língua ou a religião. Barth defende que o que importa para entender a etnicidade não são os atributos culturais dos grupos, mas sim os critérios de distinção que eles usam para se diferenciar dos outros. Esses critérios podem variar conforme o tempo e o espaço, e podem ser escolhidos ou impostos pelos grupos. O que define um grupo étnico não é a sua essência, mas sim a sua existência como uma unidade social reconhecida e diferenciada.


Etnicidade e modernidade: os desafios da globalização, da migração e do multiculturalismo para a convivência entre grupos étnicos




A etnicidade é um fenômeno que se transforma com as mudanças sociais e históricas. No mundo contemporâneo, marcado pela globalização, pela migração e pelo multiculturalismo, a etnicidade enfrenta novos desafios e oportunidades para a convivência entre os grupos étnicos. A globalização é um processo de integração econômica, política e cultural entre as diferentes regiões do mundo, que implica em uma maior circulação de pessoas, bens, ideias e informações. A globalização pode ter efeitos contraditórios sobre a etnicidade: por um lado, pode favorecer a homogeneização cultural e a perda das identidades locais; por outro lado, pode estimular a diversificação cultural e o surgimento de novas identidades transnacionais. A migração é um movimento de pessoas entre diferentes lugares, motivado por razões econômicas, políticas ou pessoais. A migração pode ter efeitos ambivalentes sobre a etnicidade: por um lado, pode provocar o desenraizamento cultural e a assimilação dos migrantes; por outro lado, pode propiciar o enriquecimento cultural e a afirmação dos migrantes. O multiculturalismo é uma política de reconhecimento e de valorização da diversidade cultural na sociedade, que implica em uma maior tolerância e respeito entre os grupos étnicos. O multiculturalismo pode ter efeitos variados sobre a etnicidade: por um lado, pode promover a integração social e a participação política dos grupos minoritários; por outro lado, pode gerar a segregação social e o conflito político entre os grupos majoritários e minoritários.


Etnicidade e política: os exemplos de mobilização, resistência e violência étnica em diferentes contextos históricos e geográficos




A etnicidade é um fator que influencia as relações de poder na sociedade. A etnicidade pode ser usada como uma forma de mobilização, resistência ou violência pelos grupos étnicos em diferentes contextos históricos e geográficos. Alguns exemplos são os seguintes:



  • A mobilização étnica é o uso da etnicidade como uma base para organizar os grupos em torno de demandas políticas, econômicas ou sociais. Um exemplo de mobilização étnica foi o movimento indígena na América Latina, que reivindicou o reconhecimento dos direitos territoriais, culturais e políticos dos povos originários.



  • A resistência étnica é o uso da etnicidade como uma forma de contestar ou de desafiar a dominação ou a opressão de outros grupos. Um exemplo de resistência étnica foi o movimento negro nos Estados Unidos, que lutou contra o racismo e a discriminação dos afro-americanos.



  • A violência étnica é o uso da etnicidade como uma justificativa para agredir ou eliminar outros grupos. Um exemplo de violência étnica foi o genocídio de Ruanda, que envolveu o massacre de cerca de 800 mil pessoas da etnia tutsi pelos hutus.



Esses exemplos mostram como a etnicidade pode ser um fator de conflito ou de cooperação entre os grupos étnicos, dependendo das circunstâncias e das estratégias dos atores sociais.


Conclusão




A etnicidade é um tema fascinante e complexo, que requer uma abordagem multidisciplinar e crítica para ser compreendido. O livro Teorias da etnicidade, de Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fénart, é uma obra indispensável para quem quer se aprofundar no estudo da etnicidade, pois oferece uma síntese crítica das principais teorias da etnicidade nas ciências sociais, desde o século XIX até os dias atuais. Além disso, o livro inclui um texto clássico do antropólogo norueguês Fredrik Barth, intitulado Grupos étnicos e suas fronteiras, que apresenta uma perspectiva inovadora para analisar as relações interétnicas. O livro é uma leitura obrigatória para quem quer entender melhor a diversidade e o conflito étnico no mundo contemporâneo.


FAQs





  • O que é a etnicidade?



A etnicidade é a consciência de pertencer a um grupo humano que se distingue dos outros por características culturais, históricas, linguísticas, religiosas ou físicas.


  • Quem são os autores do livro Teorias da etnicidade?



Os autores do livro são Philippe Poutignat e Jocelyne Streiff-Fénart, dois pesquisadores franceses que se dedicaram ao estudo da etnicidade, da migração e das relações interculturais.


  • Qual é o objetivo do livro?



O objetivo do livro é oferecer uma introdução às principais teorias da etnicidade nas ciências sociais, desde as origens do conceito até as abordagens mais recentes.


  • O que é uma fronteira étnica?



Uma fronteira étnica é o limite que separa e define os grupos étnicos, que pode ser físico, simbólico ou social.


  • Como a etnicidade se relaciona com a globalização, a migração e o multiculturalismo?



A etnicidade se relaciona com a globalização, a migração e o multiculturalismo de forma contraditória, ambivalente ou variada, dependendo dos efeitos que esses processos têm sobre a identidade, a diferenciação e a mobilização dos grupos étnicos.


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